França Teixeira deu a declaração polêmica durante uma entrevista concedida ao radialista Mario Freitas, na Rádio Excelsior AM, neste domingo, na jornada esportiva.
“Desconfio muito, até hoje, de uma sabotagem. O carro, muito novo, rodou comigo na campanha 30 mil quilômetros. Saíra da revisão na véspera. Capotou numa estrada que não comportava, mesmo se eu fosse um pintacuda irresponsável, 50 quilômetros por hora”, revela.
Questionado por que deixou a política, o ex-radialista e ex-deputado federal praticamente admitiu que foi o acidente que o fez repensar a vida e deixar tudo para traz. “Vi que não era aquilo que eu queria. Tinha um projeto ousado, mas sentia a podridão na política como existe até hoje”, comentou.
O acidente
O acidente com França Teixeira, em 2 de janeiro de 1988, aconteceu na estrada que liga Riachão do Jacuipe a Conceição do Coité, nas imediações da Fazenda Lagoa do Cariacá, próximo ao povoado de Chapada.
Aloísio Carneiro, um dos filhos do proprietário da fazenda, foi quem primeiro lhe deu socorro. “Tia Odília (mãe de Aloísio) ficou até meio depressiva alguns dias porque ela viu a mulher dele (França Teixeira) morta, dentro o carro, na frente da cancela da fazenda”, lembrou Dalila Matos Araújo, prima de Aloísio.
Segundo depoimentos do próprio França Teixeira, neste domingo, a sua esposa morreu na hora do acidente. “Foi uma coisa terrível que aconteceu em minha vida. Minha esposa teve uma estaca encravada na sua cabeça e morreu na hora. Ela estava com minha filha no colo, que por sorte não foi atingida”, narrou Teixeira na entrevista.
Segundo as informações colhidas pela reportagem do Interior da Bahia, as vítimas foram levadas para o Hospital Adelaido Ribeiro (hoje Regional João Campos), em Riachão do Jacuipe. A esposa de França morreu na hora. Ele sofreu ferimentos, mas conseguiu se recuperar.
França disse que ele estava vindo de Salgadália, em Conceição do Coité – certamente onde era votado para deputado federal – para a sua Fazenda, em Riachão, que ficava próxima ao povoado de Vila Aparecida, ao lado esquerdo da BR-324, no sentido para Capim Grosso.
Transformação
O acidente transformou a vida do polêmico radialista e político. “Transtornei-me. Tornei-me um monge trapista”, revelou. Ele passou cerca de seis anos recluso, longe dos holofotes, fora do rádio, sem conceder entrevistas, além de ter abandonado a vida pública. “Saí consciente da vida política e não me arrependo. Estou há 20 anos no Tribunal de Contas do Estado. Posso aposentar, se quiser. Não se quiserem”, disse, polemizando, como sempre.
Em 1989, França Teixeira renunciou ao mandato de Deputado Federal Constituinte para assumir uma vaga no Tribunal de Contas do Estado da Bahia. Em 1998 voltou ao rádio, em um programa na Rádio Sociedade da Bahia, em que, impedido pela Justiça, apareceu como “Doutor Copa”.
Além de um radialista e apresentador de TV carismático, considerado até hoje como o maior nome da Bahia, França Teixeira foi um homem bem sucedido na área de comunicação. Foi sócio Fundador da Rádio Clube de Salvador; Clube de Santo Antônio de Jesus (com Álvaro Martins), Clube Rio de Ouro de Jacobina, e da Radio Fundação de Ide e Ensinai, de São Gonçalo dos Campos.
França é Bacharel em Direito, formado pela Ufba. Jornalista, Radialista, Empresário e Publicitário. Foi deputado federal por dois mandatos e candidato a prefeito de Salvador, mas não conseguiu se eleger.
Como Conselheiro do TCE, França continua polêmico, às vezes até passando da conta. Contudo, sua presença criativa, seus discursos eloqüentes tornam as reuniões do órgão criativas. É o único membro que atrai advogados e gente da sociedade de Salvador para acompanhar as sessões do Tribunal.
Por Evandro Matos