Se estivesse vivo neste domingo, “o guri Itagiba”, nascido em Cruzinha, no município de Carazinho-RS, completaria 90 anos de vida.
“Militante da juventude trabalhista, o então estudante de engenharia Leonel Brizola assume a presidência de um importante movimento político. Sua participação num comício em Porto Alegre, em 1946, levou Getúlio Vargas a aconselhar a direção do PTB: “Botem esse guri na chapa de deputado que ele vai longe”, lembra Brust.
Leia abaixo artigo encaminhado pelo PDT da Bahia para publicação do www.pdt.org.br.
BRIZOLA VIVE E COMPLETA 90 ANOS
2012 chegou e o guri ITAGIBA, nascido em Cruzinha, município de Carazinho-RS, no dia 22 de janeiro de 1922, que aos 14 anos registrou-se com o nome de LEONEL, completa neste 22 de janeiro 90 anos.
2012, por ser um ano de eleições, nos sugere conhecer melhor a carreira meteórica do político brasileiro mais determinado, audacioso e coerente em 60 anos dedicados a vida pública, de quem foi referência na política nacional, um dos políticos mais importantes do Século XX. Um patriota, um nacionalista por excelência.
2012, ano de eleições municipais, oportunidade em que a EDUCAÇÃO estará sem dúvida entre as propostas apresentadas e debatidas pelos candidatos, constituía a sua maior bandeira, desde sua jornada estudantil quando, sensibilizado pelos princípios sociais do trabalhismo pregados por Getúlio Vargas, participou em 1945, da fundação do PTB.
Militante da juventude trabalhista, o então estudante de engenharia Leonel Brizola assume a presidência desse movimento político e demonstra desde cedo, a sua capacidade de liderança. Sua participação num comício em Porto Alegre, em 1946, onde proferiu um vibrante discurso, levou Getúlio Vargas a aconselhar a direção do PTB: “botem esse guri na chapa de deputado que ele vai longe”.
Em 1947, ainda estudante, (onze anos apenas depois de ter aportado em Porto Alegre, literalmente sem lenço e sem documento, (pois nem certidão de nascimento possuía), fiel às dificuldades que sentiu para estudar, passou a pregar uma cruzada pela educação e assim, seu relacionamento fácil com as lideranças estudantis e sindicais, pavimentaram sua candidatura à Assembléia Constituinte de 1947 e, aos 25 anos, é leito Deputado Estadual com uma proposta inédita : EDUCAÇÃO PARA TODOS.
Em 1949 o engraxate forma-se Engº Civil pela UFRS e, em 1950, casa-se com Neusa Goulart, irmã de João Goulart, sua companheira inseparável e, por seu excelente desempenho na Assembléia Legislativa, é reeleito o deputado estadual mais votado do PTB, cabendo-lhe a liderança do Partido.
Eleito pelo mesmo partido (PTB), o Governador Ernesto Dorneles nomeou o jovem engenheiro para a Secretaria de Obras Públicas, onde revolucionou a administração pública através do PLANO DE OBRAS, revelando-se um excelente administrador.
O sucesso a frente da Secretaria de Obras Públicas, levou-o a eleger-se em 1954, o Deputado Federal mais votado do Rio Grande do Sul, com mais de 100 mil votos e, em novembro de 1955, aos 33 anos de idade (19 anos depois de chagar a Porto Alegre, com passagem paga pela Prefeitura de Carazinho), o carregador de malas, engraxate e zelador assume a Prefeitura da Capital de seu Estado.
Depois de realizar uma das melhores administrações da história de Porto Alegre, onde construiu 137 escolas primárias, com 35.000 novas vagas, acabando com o déficit escolar, além da construção da Estação de tratamento d’água de São João, para 300 mil consumidores, com 110 km de rede d’água e esgoto, implantação de ônibus elétricos (trolley bus), ampliação, alargamento e iluminação das principais avenidas e o aterramento de mais de 500 mil metros quadrados do Rio Guaíba.
Em 03 de outubro de 1958, os gaúchos encantados e entusiasmados “com o estilo ágil, dinâmico e eficiente do jovem administrador, com o Slogan “EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO’’, elegem Brizola aos 37 anos, Governador do Estado com 55% dos votos dos seus conterrâneos.
Uma das suas primeiras medidas, foi transformar o Salão de Festas “Negrinho do Pastoreio” do Palácio Piratini, em salão de trabalho onde criou e instalou o GAP – Gabinete de Administração e Planejamento, sob a coordenação do Professor de Economia Cibilis Viana, cuja finalidade era centralizar o planejamento e acompanhar a execução das obras em todo Estado.
Diante das dificuldades financeiras vigentes, perspicaz, audacioso e criativo, propôs e o Legislativo aprovou, no início de 1959, uma antecipação de 10% da receita, através da emissão de letras do tesouro com vencimento de 30 a 360 dias, resgatáveis no BANRISUL, as famosas “Brizoletas”.
Com recursos disponíveis deu início a execução da melhor e mais profícua administração que o RS jamais conheceu.
Mudou o perfil econômico, industrial, agrícola, social, cultural e educacional do Estado, através da construção de 5.902 escolas primárias, 278 escolas técnicas urbanas e rurais, e 131 ginásios, colégios e escolas normais, totalizando 6.302 novos estabelecimentos de ensino.
Foram abertas 688.209 novas matrículas e admitidos 42.153 novos professores; criou a Caixa Econômica Estadual, implantou a Aços Fino Piratini e com a Petrobrás trouxe para o RS a Refinaria Alberto Pasqualini, construiu as Estradas da Produção ligando os pólos agrícolas ao porto de Rio Grande, criou o IGRA – Instituto Gaúcho de Reforma Agrária, distribuindo mais de 15 mil títulos a agricultores sem terra.
Em 1959, antes de qualquer encampação de Fidel Castro, Brizola encampou a Bond & Share e, em 4 anos, triplicou a produção da energia no RS; outro gargalo na área das comunicações, também foi resolvido através da encampação da ITT – International Telefone and Telegraf e a criação da CRT – Cia. Rio Grandense de Telecomunicações .
Coroando sua passagem pelo Governo do RS promoveu, por ocasião da renúncia do Presidente Janio Quadros (25.8.61), corajosamente a maior mobilização popular depois da revolução de 1930, através da Campanha da Legalidade, comandada por Brizola através da Rádio Guaíba e uma cadeia de 104 rádios, na defesa de posse do Vice Presidente João Goulart vetada pelos Ministros Militares.
A Campanha vitoriosa com a posse de Jango, em 07.09.61, proporcionou-lhe a maior eleição por um Deputado Federal no RJ, em 1962, onde obteve 260 mil votos (1 de cada 3 cariocas votou em Brizola).
Em 1964, cassado pelo golpe militar, vai para o exílio mais longo de um político brasileiro. Com a anistia, em 1979, depois de 15 anos, retorna ao Brasil.
Em 1982, elege-se governador no estado do Rio de Janeiro pelo PDT. O único brasileiro que governou dois estados. Logo que assumiu governo, nomeou para a secretaria de Educação seu Vice-Governador, Professor Darcy Ribeiro, discípulo do bahiano Anísio Teixeira, que juntamente com o Arquiteto Oscar Niemayer surpreenderam o Brasil com o CIEP, um Centro Integrado de Educação Pública, uma proposta inovadora para a democratização da Educação.
Em 1989 tentou a presidência da república tendo ficado em 3º lugar, com diferença mínima para Lula. Se a disputa no 2º turno fosse entre Collor e Brizola, certamente Brizola seria o Presidente e a história do Brasil seria outra.
Em 1990 é reeleito governador do Rio de Janeiro e conclui o maior programa educacional do Brasil, através da implantação de 506 CIEP’S .
Criou e implantou a Universidade Estadual do Norte Fluminense, em Campos , um Centro de Pesquisas. Criou as delegacias do Turista, da Mulher e Anti-Racismo, as primeiras desse gênero no Pais.
Assentou 90.000 famílias em Comunidades Rurais e Urbanas. Construiu a Linha Vermelha, que liga a Baixada Fluminense ao Centro. Participou, sem êxito, das eleições de 94 para Presidente e 98 para Senador.
Para o jornalista Kolecza “onde cai o pensamento Brizolista germina o projeto de Nação em vibrações de brasilidade e rebeldia. Tornou-se o temível líder da subversão desde que priorizou a EDUCAÇÃO, até então a mais torpe das barreiras à ascensão social. Com a reforma agrária, profanou o símbolo sagrado do poder. Com a nacionalização de energia e telefone pôs em risco as fontes secretas dos políticos e da grande imprensa”.
Para nós seus amigos e companheiros e para mim em particular, que em 1957, aos 19 anos passei a integrar a sua equipe na Prefeitura de Porto Alegre, fiéis ao legado das suas idéias, da coerência e da sua coragem e determinação na luta da defesa dos interesses e dos anseios do povo brasileiro BRIZOLA VIVE e cabe a nós os seus seguidores Trabalhistas autênticos, dar continuidade aos seus ideais, as suas propostas, aos seus projetos e eu que o considerava meu segundo pai, lutarei para honrar e preservar a sua memória.
VIVA BRIZOLA, BRIZOLA VIVE.
Salvador, 2 de janeiro de 2012.
Hari Alexandre Brus
Presidente