Até abril deste ano, 2.358 mil moradores da zona rural têm sido impactados pelas consequências desse período sem chuva, segundo levantamento da Cordec, realizado a partir dos relatórios enviados pela gestão de cada cidade afetada.
A situação se mantém desde o início de 2011 e tem sido tratada como a seca mais grave dos últimos 30 anos. Para Salvador Brito, coordenador-geral da Cordec, é este longo tempo, que já dura mais de um ano, que gera gravidade econômica e, por consequência, social, para a população do sertão baiano. “O clima nessa região, em geral, já é seco por natureza. Desde 2011 não temos chuvas satisfatórias. A de março [do ano passado] não foi boa; a do inverno foi chuvinha fina, que molhou um pouco a terra, mas não formou nenhuma reserva de água. De lá para cá não choveu mais e cada dia que passa a situação se agrava”, afirmou.
Plantação e animais
Como não houve plantação em março deste ano, a Bahia ficará sem safra de feijão, milho ou mandioca da agricultura familiar, conforme conta Salvador Brito. O milho é um dos produtos mais procurados durante a festa de São João, típica do estado, a falta de oferta no mercado deve aumentar o preço do cereal no período.
“O que podemos dizer é que vai ocorrer a necessidade, para suprir o mercado, da importação do produto de outras regiões do Brasil. É um prejuízo para as famílias rurais e para o Estado e regiões”, disse. Outra consequência da seca, relatada pelo coordenador do Cordec, recai sobre os animais. “O rebanho está sendo dizimado. As pessoas estão se desfazendo dos animais por conta dos prejuízos com a perda de peso, vendendo abaixo do preço do mercado, e esses produtores pequenos não vão conseguir repor este rebanho tão cedo”, afirmou.
“A lavoura praticamente perdeu toda. A água não existe, só estão bebendo a 6km”, afirma o agricultor Manoel Paiva, morador de um dos povoados atingidos pela seca no município de Vitória da Conquista, no sudoeste baiano.
Nesse período de estiagem, os animais comem o que sobrou da plantação de milho. Já o rio que fornecia água para os animais e para a lavoura de cerca de 15 mil pessoas da região praticamente desapareceu. O agricultor Gildásio Alves conta que o gado bebe o resto a água do rio seco e afirma que, quando ela secar de vez, não saberá o que fazer. “Seguramente tem 30 anos que não vemos isso no estado que está”, disse.
Combate
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, e o governador Jaques Wagner, garantiram R$ 30 milhões para investimento no combate aos efeitos da seca. Enquanto a verba é formalizada, as cidades em situação de emergência são assistidas com abastecimento por meio de carros-pipa, distribuição de alimentos e limpeza das “aguadas”, que são reservatório de água construídos na terra.
De acordo com Salvador Brito, do Cordec, apesar do período difícil, o estado ainda não está em calamidade, especialmente por conta de programas federais, como o bolsa-família, que garantem a subsistência da população rural. Para aquelas que possui risco na segurança alimentar, a Cordec afirma que será providenciada cerca de 130 mil cestas de alimentos. “Também estamos limpando as aguadas para termos mananciais limpos para aumentar a capacidade de armazenamento de água assim que a chuva ocorrer”, disse. Informações do G1 com foto da TV Sudoeste.