Os moradores de Pindobaçu, no Centro-Norte da Bahia, passam a maior parte tempo tendo uma vida pacata e longe dos holofotes. Mas, por vezes, o município ganha as manchetes dos jornais nacionais e até da imprensa internacional. O motivo é sempre o mesmo: as esmeraldas. A cidade fica em uma região rica de minérios, por isso, tem cerca de 200 minas que exploram o solo em busca de pedras preciosas. Desta vez, a peça encontrada está avaliada em US$ 165 milhões.
Tudo começou com os tropeiros. Os viajantes com animais de carga paravam às margens do rio Itapicuru-Açu para descansar e dar água aos cavalos. Com o passar do tempo, foram criando raízes. O povoado surgiu inicialmente com o nome de Lamarão e fazia parte do município vizinho de Campo Formoso. As informações estão registradas na biblioteca do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e na Prefeitura de Pindobaçu.
A mudança de nome foi por um motivo inusitado. Em 1914, foi construída uma estação de trem no então povoado de Lamarão. Mas, no momento de colocar a placa no alto do prédio, os engenheiros consideraram o nome feio demais e resolveram consultar os moradores sobre a possibilidade de mudança. Os habitantes consentiram e se instaurou o impasse sobre qual denominação escolher.
Os documentos registram que foi um engenheiro da Leste Brasileira quem deu a sugestão. Ele estudava o idioma tupi-guarani e percebeu que a região tinha em abundância palmeiras de babaçu. Na língua indígena, o nome era Pindobassu, que significa “palmeira alta” ou “palmeira grande”. A aceitação foi geral. Inicialmente foi grafado com duas letras “s”, como em tupi-guarani, mas a ortografia foi substituída posteriormente pelo “ç”, como é grafado atualmente.
Em 1927, o povoado de Pindobaçu virou distrito de Campo Formoso. Até que, em 4 de março de 1953, foi elevado à condição de município independente. Nesta terça-feira (10), a cidade atraiu a atenção da imprensa nacional e internacional depois que uma mineradora encontrou uma esmeralda de 225 kg, a 230 metros de profundidade, que foi avaliada em US$ 165,6 milhões.
Leilão
A pedra recebeu o nome de Coração da Bahia pelo formato e pela profundidade em que foi encontrada. Ela foi transladada para Brasília (DF), onde pode ser visitada enquanto aguarda o fim do leilão. Inicialmente a proposta era leiloar a peça nesta terça-feira (10), mas a data foi prorrogada para 3 de outubro, porque alguns interessados estão vindo de fora do Brasil para avaliar o bem. O leilão será on-line, e para agendar visitas e participar da disputa é preciso procurar a Grandes Leilões, responsável pela negociação, no site da empresa.
Norton Fernandes, leiloeiro da Grandes Leilões, explicou que a Índia é o país que mais exporta e importa esmeraldas no mundo, mas que as pedras brasileiras são consideradas no mercado como as que tem melhor qualidade. Esmeraldas são produtos de atritos entre formações rochosas de minerais e podem ter diferentes cores, naturezas, qualidades e pesos.
A peça que vai a leilão é considerada uma canga de esmeraldas, um conjunto de pedras brutas e unidas. Essa foi a quinta pedra preciosa encontrada na Bahia e leiloada pela Receita Federal, nos últimos 23 anos. A primeira, descoberta em 2001, tinha 380 kg e foi avaliada em US$ 400 milhões. Ela foi alvo de disputa judicial nos Estados Unidos entre a empresa detentora do produto e o governo brasileiro.
A segunda, conhecida como Esmeralda Bahia, tinha 360 kg e foi encontrada em abril de 2017. Ela foi avaliada em US$ 300 milhões. A terceira foi uma esmeralda de 404,8kg, que foi encontrada em 2021, avaliada em US$ 990 milhões. Especialistas definiram a pedra como uma obra de arte da natureza. A quarta tinha 137 kg e foi arrematada por US$ 175 milhões em um leilão da Receita Federal, em maio deste ano. A identidade do comprador não foi divulgada. Todas as pedras foram encontradas na mesma região da Bahia.
Fonte: Alô, Alô Bahia